domingo, 23 de novembro de 2008

Estudo questiona auto-exame de mama



Uma pesquisa internacional questiona a utilidade do auto-exame de mama, alertando que, ao invés de salvar a vida das mulheres, a prática pode prejudicar a saúde delas. Os pesquisadores da Cochrane Collaboration, uma ONG internacional que avalia pesquisas médicas, chegaram a essa conclusão após analisaram os resultados de dois estudos prévios envolvendo uma população de 388.535 mulheres, realizados na Rússia e na China.
Os dois levantamentos dividiram as mulheres em dois grupos. O primeiro recebeu todas as informações sobre como realizar o auto-exame regularmente; o segundo, não.
Entre as 587 mulheres que morreram vítimas de câncer de mama, 292 faziam parte do grupo informado sobre o auto-exame - número muito próximo do das 295 restantes, que não tinham as informações. Isso, na avaliação dos pesquisadores, poderia sugerir que o auto-exame não traz benefícios.
Os autores do estudo vão além. Eles afirmar que a prática faz mal, ao submeter as mulheres a procedimentos médicos desnecessários. Um exemplo: as mulheres que realizavam o auto-exame foram submetidas a 3.406 biópsias, que apontaram resultado benigno, quase o dobro do número entre as mulheres que não faziam o auto-exame.
Peter Gotzsche, um dos co-autores do relatório, afirma que as biópsias são o primeiro passo para os futuros exames invasivos. Segundo o estudo, isso causaria em muitas situações cicatrizes, deformações nos seios e também problemas emocionais.
Uma pesquisa anterior, por exemplo, publicada no Journal of Public Health Medicine, indica que cinco meses após a biópsia com resultado benigno, 61% das mulheres ainda tinham que lidar com sinais de stress e ansiedade, devido ao receio de terem desenvolvido um câncer. O próprio Gotzsche, porém, faz uma ressalva. 'Seria errado, entretanto, concluir que a mulher não precisa estar atenta a todas as mudanças ocorridas em seus seios'.
Outros pesquisadores, porém, contestam as conclusões do estudo. 'O senso comum sugere que é impossível acompanhar a saúde da mulher sem exames', afirma a médica Carolyn Runowicz, do Centro de Saúde da Universidade de Connecticut (EUA). De fato, estudos anteriores mostram que muitas mulheres descobrem alterações nas próprias mamas por meio do auto-exame.
Por ora, a maior parte dos especialistas concorda que é melhor manter o auto-exame. 'Nossa recomendação é que as mulheres que querem fazer a prática sigam em frente, desde que saibam das limitações do exame e que muitas vezes biópsias são necessárias', disse Debbie Saslow, diretora da Sociedade Americana de Câncer.


Fonte: Veja

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